quarta-feira, 9 de junho de 2010


            Pensar em Jesus como médico leva-nos a pensar como o próprio Deus se relaciona com o nosso sofrimento, pois Jesus é encarnação do Deus vivo. No evangelho, Jesus se opôs a enfermidade e ao sofrimento, se identificou com aquele que sofre. No inicio do seu ministério, ele anuncia que a cura de doenças era um dos seus principais objetivos.
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” Lc 4.18-19
Quando questionado pelos discípulos de João acerca de sua identidade messiânica ele destaca o mesmo objetivo.
“Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-lhes o evangelho.” Lc 7.22
Quando Lázaro faleceu, Jesus chorou, demonstrando que ele não tinha nenhum prazer no sofrimento, em vez disso lamenta. O próprio Jesus experimentou o sofrimento. No Getsêmani, ele aceitou a dor quase como ultimo recurso e na cruz ele se depara com a dor do silêncio de Deus. O sofrimento de Cristo no Calvário nos faz voltar para a passagem de Isaías, o mais expressivo dos profetas.
“Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento.
“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido.” Is 53. 3,5
A encarnação tornou possível a empatia de Deus pelo nosso sofrimento. Enquanto Deus não se revestisse do tecido suave da carne, juntamente com suas células nervosas, tão precisas e sujeitas a maus-tratos como as nossas, ele não haveria realmente experimentado a dor. Através de Jesus, Deus aprendeu a sentir a dor da mesma forma que sentimos. Agora as nossas orações e gemidos de sofrimento são mais inteligíveis para ele, pois ele as compreende. Cristo se identifica com as pessoas de forma tão completa, que ele assume o lugar e suporta a dor dessas pessoas. No evangelho de Mateus, Jesus se mostra aceitando a caridade feita ao faminto, ao sedento, ao enfermo, ao que não possui roupas, ao errante e aos prisioneiros, como se fosse feita a ele.
“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedaste; estava nu, e me vestistes; estive enfermo, e me visitastes; preso e foste ver-me. Então perguntaram os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e o hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Mt 25.35-40
Em Atos 9.4, durante a ofuscante manifestação divina no caminho de Damasco, Jesus pergunta: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?”. Os maus-tratos sofridos pelos cristãos perseguidos tinham atingido o próprio Jesus. A sua empatia com a nossa dor chega a esse ponto. Como diz provérbio: “O médico   que não foi ferido não pode curar”. Chesterton em uma das suas obras diz, “as mãos que fizeram o Sol e as estrelas”, agora são as mãos que curam, as mão de Cristo, o médico. Ele não fazia milagres em massa, mas individualmente, tocando cada pessoa em uma atuação intima e pessoal. Jesus nos é simpático, ele se identifica com as nossas dores, com o nosso sofrimento. E é por isso que ele é capaz de ser Salvador e Senhor. Quando questionado pelos fariseus e escribas pelo fato dele comer com publicanos ele traz para si a figura de médico: “Respondeu-lhes Jesus: os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.31-32).
            Através da iniciativa divina podemos ter uma vida abundante com Jesus. Ele mais do que ninguém se identifica com as nossas feridas sejam elas de que tipo for. A nossa dor se tornou a dor de Deus. Não estamos isentos da dor, mas a esperança que temos é que não estamos sós, temos um médico que é capaz de sarar as nossas feridas.

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