sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quem nunca dormiu no colo do Papai?


Certa feita em uma reunião de grupo pequeno da minha igreja, um jovem ex-dependente químico, que recentemente havia terminado tratamento fez um comentário acerca de dormi durante as orações noturnas, aquelas que fazemos antes de dormir. Quando falávamos da negligência de vigilância durante oração e o descontentamento de Deus com nossa falha, ele disse sorrindo: “Aprendi no meu internamento algo sobre isso; que pai não gostaria de ter seu filho junto a ele falando sobre o seu dia quando de repente o filho adormece em seu colo em seu aconchego”. Não sei quanto aos outros, mas essas simples palavras foram libertadoras pra mim, pois já havia me cobrado várias vezes por não permanecer firme nas minhas orações noturnas. Percebi o quanto a minha percepção de Deus era tão deturpada, pensando em sua reprovação quanto a minha falta de vigilância. No entanto, as palavras daquele rapaz trouxeram-me um ar de graça, aquela graça maravilhosa que o Evangelho declara e que agente fica sem palavras diante dela, pois não há o que dizer.

Pôs-me logo a imaginar-me como um pai e tivesse meu filho ao meu colo e ouvindo-o falar de todas as brincadeiras que ele fez, de como se machucou jogando bola e de repente logo caísse no sono. Nossa! Que coisa gostosa seria! Certamente um pai nesta ocasião se comoveria de amor pelo filho o abraçando, e o guardando em seus braços. Depois pensei mais uma vez, quantas vezes o Senhor fez isso comigo, quantas inúmeras vezes ao inclinar na minha cama para orar depois de um dia exaustivo fui surpreendido pelo sono. Mas em nenhum desses momentos em que me aproximei com o coração quebrantado o Senhor deixou de me assistir, mesmo que eu nem tenha percebido.
Ao ler a Bíblia eu percebo que Deus é um Deus pessoal, Ele se envolve com a sua criação, Ele se envolve com seus filhos. Como diz o ditado popular “Deus é Pai”! Apesar do dito a quem duvide muito que Deus se interesse por negócios puramente humanos, muito menos que nos trate como filhos. Jesus encontrou algumas pessoas desse tipo, pois muitos de sua época acharam absurda a idéia de Jesus se referir ao Deus de Israel como Pai (Jo 10.22-42). Seguir a Jesus é andar nos seus passos, se de fato somos seus discípulos recebemos o seu Espírito e é Ele mesmo que nos aproxima de Deus e nos tornar seus filhos (Gl 4.6). Isso é maravilhoso! O Deus criador é o meu Pai!
Por isso não tenho mais vergonha de dormir na presença de meu Pai, o que mais quero é sempre poder me achegar diante d’Ele com o coração aberto, sem medo de ser reprovado, sem formalidades, pois sou da família. Engraçado que depois disso as minhas orações passaram a ser mais fervorosas e freqüentes. De fato isso tudo é resultado da graça, a graça de Deus que nos constrange a viver um relacionamento baseado no amor e não em uma religiosidade fria e vazia.
Salmos 4
8 Quando me deito, durmo em paz, pois só tu, ó SENHOR, me fazes viver em segurança.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nosso Andar Diário


        Atualmente tenho trabalho em um abençoado Ministério, um Ministério com uma visão de Reino de Deus. O Ministério RBC (Recursos Bíblicos de Comunicação) é um órgão do Corpo de Cristo comprometido em contribuir com a missão de Deus na Terra através de recursos bíblicos que levam a Palavra de Deus. Fiz da visão da RBC a minha visão: "Que pessoas de todas as nações possam experimentar um relacionamento pessoal com Cristo, crescer à Sua semelhança e servi-lo numa igreja local." No mundo inteiro 156 países em 45 línguas diferentes, milhões de pessoas são levadas a um relacionamento pessoal com Cristo através da leitura do devocional "Nosso Andar Diário" (ou Our Daily Jorney or Our Daily Bread) publicado pela RBC. Abaixo segue o devocional desse dia, o mesmo texto que milhões de pessoas leram no mundo inteiro. 

20 de agosto de 2010

Hora de crescer

Bill Crowder
1 Coríntios 3:1-17
Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. —1 Coríntios 3:1
Salmos 105–106
1 Coríntios 3
Enquanto olhava alguns cartões de aniversário em uma papelaria, encontrei um que me fez rir. Sua mensagem dizia assim: “Você é jovem apenas uma vez, mas pode ser imaturo para sempre.” Esse cartão mexeu com o meu senso de humor. Existe algo atraente a respeito de nunca ter que crescer, como qualquer fã de Peter Pan pode confirmar.
Todos sabemos, porém, que a imaturidade permanente não é somente inadequada, mas também inaceitável. Para os cristãos, é vital que amadureçamos. Após nascermos de novo e nos tornarmos seguidores de Cristo, não se espera que continuemos a ser bebês espirituais. As Escrituras nos desafiam a crescer para ser mais semelhantes a Ele. Quando escrevia à igreja de Corinto — uma igreja com muitos problemas — Paulo disse que as questões dela estavam enraizadas na falta de desenvolvimento espiritual. Em 1 Coríntios 3:1, ele disse: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.” 
Como podemos crescer para ser mais que apenas bebês espirituais? Pedro insistia, “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18). Fazemos isto pela meditação na Palavra de Deus e dedicando-nos à oração (Salmo 119:97-104; Atos 1:14). Assim como a problemática igreja de Corinto, esta deve ser também a nossa hora de crescermos.

Para conhecer mais sobre este ministério e saber como se tornar parceiro acesse: http://ministeriosrbc.org

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Chamado para estar com Jesus

“Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar e exercer a autoridade de expelir demônios.” Marcos 3.13-15
O primeiro chamado de Jesus para minha vida não é o serviço, mas o chamado para estar com Ele. Foi o mesmo no chamamento dos doze, Jesus os separou dentre uma multidão de seguidores para se relacionarem com Ele de uma forma mais estreita e mais profunda. A atitude de Jesus é conveniente com seu propósito, pois somente através de um relacionamento pessoal com aqueles homens Ele poderia transformá-los e capacita-los para pregar o evangelho do Reino através de suas próprias vidas. Jesus queria um grupo de pessoas que fossem mais que discípulos, Ele queria amigos pelos quais poderia contar, conferindo a eles a responsabilidade de dar continuidade a sua obra de salvação. Sem dúvida alguma, os momentos em que aqueles humildes homens passaram com o mestre foi o mais emocionantes de suas vidas e os marcou de tal forma que nunca mais foram os mesmos. Jesus também me chama para estar com Ele e antes de tudo Ele quer se relacionar comigo, deseja que eu o conheça tão bem quanto Ele me conhece. Jesus deseja que eu aprenda com seus exemplos, guarde a sua palavra e ame o Pai assim como Ele ama, e ame todos aqueles que Ele criou a sua semelhança.

Solitude e vida cristã

 "A sua fama, porém, se propagava ainda mais, e ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas enfermidades. Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava" Lc 5.15-16
As multidões seguiam a Jesus por muitos lugares vindo de várias cidades e povoados a fim de serem curadas de suas enfermidades e para ouvirem as boas novas do Reino de Deus (v 15). Mesmo com toda a fama e o grande número de seguidores que  crescia a cada dia que se passava, Jesus mantinha o hábito de afastar-se e sozinho ir para lugares desertos, onde pudesse descansar e orar (v 16). O exemplo de Jesus reflete o nível de relacionamento dele com o Pai, mesmo sendo o próprio Deus, o Senhor se separava em momentos de oração e comunhão. Certamente ele não buscava algo se não outra coisa que o simples fato de estar na presença do Pai, demonstrando a sua dependência e obediência. Por certo, era nestes momentos de solitude que o Senhor renovava as suas forças para continuar em sua missão de anunciar o Reino e trilhar o caminho até a cruz em Jerusalém. Sendo Senhor e Cristo, Jesus nos deu exemplo, de que como seus discípulos devemos fazer o mesmo, pois há momentos em nossas vidas que precisamos nos afastar um pouco nas inúmeras atividades, da rodinha de amigos e até mesmo das obrigações ministeriais, para separar um momento de solitude em um lugar onde possamos ficar a sós com o Pai e renovar as nossas baterias espirituais, sermos consolados, recebermos sua misericórdia e perdão, adorá-lo ou simplesmente render graças pela sua agradável presença. Fazendo assim certamente estaremos preparados para vencer qualquer obstáculo em nosso dia a dia, assim como o Senhor venceu na cruz do calvário.

A divisão e o Declínio do Reino de Israel (1 Reis/Caps. 12-22)


O autor do livro de Reis relata os reinos dos reis de Judá e de Israel, destacando as seguintes características: o caráter do rei, o tempo que reinou, os nomes dos profetas mencionados em conexão com seu reinado, e os acontecimentos principais de seu reino.

Cronologia de Reis
JUDÁ
ISRAEL
Roboão
Jeroboão
Abias

Asa
Nadabe

Baasa

Elá

Zinri
Josafá
Acabe
Jeorão
Acazias

Obs.: não há um consenso quanto à cronologia correta dos reinados devido a cada rei contar um período de seu reinado de forma diferente. Alguns contavam a partir de sua coroação outros após o primeiro ano de reinado.

O escritor do livro de Reis ainda é indeterminado. Acredita-se que Jeremias tenha compilado os registros escritos por Nata, Gade (1 Cr 29.29) e outros.
O período monárquico dura +/- 4 séculos.
O reinado se torna tumultuado desde o reinado de Salomão (971 a.C) até a prisão de Joaquim na Babilônia (562 a.C).
Os fatos narrados no livro de Reis não são apenas história política da monarquia é uma interpretação profética de como cada rei afetou o declínio espiritual de Israel e Judá. (8.33-34; 11.6,9-13; 13.34; 14.14-19; 18-39; 19.18)
Exemplo: Onri foi um dos reis mais importantes na história do Antigo Oriente próximo, mas seu reinado é mencionado em poucos versículos (1 Rs 16.23-28). Muito mais se diz acerca de seu filho, Acabe.
Os rei foram avaliados com base na fidelidade ao Senhor.
O povo é considerado responsável por seus atos. (1 Rs 11.9; 14.22)
Deus é retratado como Senhor soberano na história. Os profetas eram porta-vozes de Deus que anunciavam a ascensão e queda dos reinados (1 Rs 11.29-32; 13.1-4; 16.1-7; 20.13, 28; 22.13-28)
Deus é fiel. Deus conservou sua promessa a Davi mesmo quando o rei de Judá pecava. (2 Sm 7.16; 1 Rs 11.31-36; 15. 3-5; 2 Rs 25.27-30)
O Senhor foi fiel a seus profetas que anunciavam sua mensagem enfrentando perigos. (1 Rs 19.3-4, 18; 22.24-28)

Valor ético e teológico

Em 1 Reis, a exemplo de Deuteronômio, o autor alerta contra o perigo de esquecer de Deus em tempos de prosperidade. Os fatos revelam o poder da Palavra de Deus na construção da história, a coragem daqueles que, como Elias mantiveram o coração ligado a Palavra de Deus. Em 2 Reis, a apostasia continua a cada rei que se levanta. Muitos se destacam por praticar maiores atrocidades tanto sociais quanto espirituais, outros poucos buscam com humildade ao Senhor e implantam profundas reformas religiosas. O segundo livro de Reis dá continuidade ao declínio apresentado no primeiro livro, e se desfecha no juízo de Deus com o cativeiro de Israel e posteriormente a queda de Judá. Embora, os exemplos sejam negativos, eles demonstram que Deus não se mostra indiferente aos acontecimentos históricos e que Ele interfere promovendo a sua justiça.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A relevância dos princípios e o desenvolvimento de estratégias no plantio de Igrejas


Fomos chamados por Deus para fazermos parte do seu Reino e de sua missão. É certo de que não há nada mais importante no mundo pelo qual eu ou qualquer crente em Cristo poderia dar a sua própria vida. A igreja é composta por esses chamados por Deus, e na verdade é isso que ela é, até mesmo na essência do significado do seu nome. Por mais que a imagem da Igreja esteja tão deturpada atualmente, é justamente isso que ela representa, um grupo de pessoas chamadas para amar a Deus, amar as pessoas e anunciar a Jesus, o seu Reino, seu amor, sua salvação, sua justiça e seu bondade. Então, a Igreja é o instrumento pelo qual Deus escolheu para manifestar a sua graça, e é, portanto a maneira mais eficaz de proclamar o evangelho ao mundo sem Deus. O Senhor Jesus convocou e ainda convoca a sua Igreja através das gerações a se comprometer com a sua missão, a fim de que todos o conheçam, sejam por eles salvos e entrem em seu Reino Eterno. Especificamente Jesus fez essa convocação em suas últimas palavras aos seus discípulos antes de sua ascensão, o que está relatado no evangelho de Mateus 28. 18-20: E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” Por isso é nos imperativo a ação de proclamar o evangelho, pois ao Senhor Jesus foi dado todo o poder nos céus e na terra, e cabe nos divulgarmos o Senhorio de Cristo, e o seu Reino a todos. Mas muito mais que uma ordenança, anunciar a Cristo e fazê-lo conhecido é uma atitude intrínseca de todo aquele que se encontra realmente com ele, pois quem pode ter um verdadeiro encontro com Jesus e não ter sua vida transformada de tal forma que não pode conter essa novidade àqueles que estão a sua volta.
            Entendendo o chamado da Igreja, precisamos estabelecer princípios e estratégias adequadas com o nível do nosso chamamento para realizarmos essa nobre tarefa. Foi Jesus que estabeleceu a Igreja (Mt 16.18),  é através dela que ele continuará a sua obra de redenção (Jo 17.21; Ef 1.21-23). No plantio de novas Igrejas tudo que fazemos deve ser produto de uma reflexão teológica bem fundamentada a fim de que nossas ações estejam de acordo com os princípios do Reino do qual pregamos. De nada adianta nos entregarmos ao ativismo pela procura de resultados numéricos sem estarmos de acordo com a vontade de Deus. A centralidade do Evangelho é a própria pessoa do Senhor Jesus Cristo e por isso a Ele devemos ouvir e obedecer. Em Mateus 28.18-20, Jesus afirma que foi lhe “dado todo poder no céu e na terra”, ou seja, Ele é Senhor de todas as coisas, “portanto ide”, diz o Senhor. Então o que fundamenta a idéia central da igreja não é a conversão de indivíduos nem o estabelecimento de igrejas, é mais do que isso, é um chamado que o Senhor Jesus faz a sua igreja para que ela forme pessoas que reconheçam o seu senhorio universal e integrem no seu Reino como cidadãos.
            A partir desse ponto crucial a Igreja pode se comprometer com a missão sendo fiel ao Senhor. Desse modo precisamos ter a mesma perspectiva de Igreja que Jesus tinha, redescobrindo a visão de uma Igreja viva e cheia do Espírito Santo. Uma Igreja sobre a perspectiva de Jesus é uma Igreja centralizada em sua Palavra não em métodos ou ideologias. Em se falando de Reino de Deus os fins não justificam os meios, de nada vale grandes resultados se não estamos de acordo com os princípios do Evangelho. Na verdade, precisamos contextualizar a mensagem do Evangelho de forma que ela faça sentido para a atual geração, a fim de ganharmos o maior número de pessoas possíveis, assim como o apóstolo Paulo (I Co 9.19-27). Precisamos ser como o pai de família citado por Jesus, que tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas, ou seja, precisamos usar novas estratégias para anunciar o evangelho sem contudo desprezar a mensagem do evangelho que é antiga (Mt 13.51-52).
Ainda assim, o Evangelho por si só já suficiente. Na implantação de uma nova Igreja, a pregação da mensagem do Evangelho deve ser integral e abundante, afinal de contas (...) o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crer (...), e o Evangelho é Jesus Cristo (Rm 1.16; I Co 15.1-4).
            Ao plantador, além de fidelidade ao Senhor e a sua Palavra, é necessário capacitação harmonizada com integridade e uma vida regada pelo Espírito. São características que devem estar presentes de forma equilibrada e não aos extremos. Podemos ter grandes estruturas e recursos abundantes, mas não chegaremos muito longe sem um caráter integro e uma vida de devoção ao Senhor. Assim como o obreiro de vida piedosa, mas sem a capacitação devida, não será eficiente em seu trabalho. É preciso conciliar essas características, no entanto, entendo que a integridade e uma vida cheia do Espírito são primordiais e superiores a capacitação e habilidades, pois nos tornam mais dependentes e submissos a vontade do Senhor. São estes que lançam a mão no arado para o trabalho mesmo talvez sem muita capacitação, e em sua simplicidade alcançam muitos que não são da fé. Foi assim com os primeiros discípulos, que se tornaram apóstolos, homens apaixonados e destemidos que alcançaram todo o mundo da sua época (todo o Império Romano) com a mensagem do Evangelho(CL 1.6). Não tinham muitos recursos ou mesmo escolaridade, mas havia neles uma fé genuína e uma vida rica e abundante em Deus. Não tinham todos os recursos que tínhamos hoje, mas tinham todo o necessário para cumprir a missão, Jesus.    
            O desenvolvimento de estratégias na implantação de novas Igrejas deve se adequar a cada tempo e cada público. A implantação de novas Igrejas pode vir a fracassar devido ao despreparo e desinformação dos plantadores diante de uma comunidade em constante transformação. A ausência de preparo e o uso incorreto de ferramentas pode até levar a Igreja ao descrédito diante de uma comunidade alvo, sendo vista como uma sociedade alienada e descontextualizada.  Além disso, toda ferramenta ou estratégia utilizada deve ser antes de tudo fruto de uma reflexão teológica que fomente a sua utilização. A reflexão teológica é muito importante para isso, pois trabalha em parceria com a missiologia. A reflexão teológica para o plantio de igrejas ajuda a Igreja a entender o sentido da Missão e entendimento bíblico motivacional para o evangelismo, enraizando a Igreja tanto na pessoa quanto na missão de Deus. A orientação teológica para o plantio de Igrejas dá base apara a análise sócio-cultural, a reflexão teológica e a visão para a Igreja e sua missão. A ausência de uma visão definida acerca do plantio nos distancia do propósito real de Deus e de sua própria visão. Uma boa teologia conduz a uma boa metodologia e formulação de estratégias, com segurança bíblica e valores do Reino. A visão nos ajuda a manter o alvo e o foco na missão. Mas do que tudo devemos buscar a visão de Deus, pois é Ele que nos orienta em tudo diante dos novos desafios.
            Existem muitos modelos de implantação de Igrejas, modelos que deram certo e que foram eficazes. Modelos e métodos que deram certo em um determinado local não garantem o sucesso em outro local distinto. É necessário conhecer o seu alvo, compreendê-lo social e culturalmente, identificando as suas particularidades e o tipo de evangelismo adequado com uma abordagem que seja clara, receptiva e funcional. Por isso é preciso saber com que tipo grupo social está se trabalhando antes de iniciar o trabalho, se é em uma zona urbana, suburbana, rural, tribo urbana ou populações tribais. A partir do conhecimento prévio do grupo alvo, podemos formular uma estratégia para o evangelismo, que deve constante, abundante e intencional. Contudo, como já disse antes, a abundante evangelização é um elemento estratégico e funcional somente se o conteúdo da evangelização for a Palavra de Deus. Nosso objetivo deve ser apontar e levar as pessoas a Cristo, não alto promover a igreja ou um projeto seu ou mesmo a si mesmo: Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho.” (I Co 9.18) – logo não há evangelismo sem a cruz de Cristo. A oração creio eu ser um recurso indispensável antes, durante e sempre. Através da oração nos mantemos conectados com o Senhor Jesus e as intenções do seu coração, então nos tornamos mais aptos a pedir segundo a sua vontade, se procedemos assim é certo que seremos atendidos (Mt 21.22). René Padilla disse que “sem oração não há missão cristã. Poderá haver proselitismo religioso, obras e ações de caridade, ou tarefas missionárias, mas não há missão cristã”. A missão nasce no coração de Deus, que através o Espírito Santo age na história, com a finalidade de exaltar a Jesus Cristo como Senhor do universo e de cada ser humano e termina no próprio Deus, pois tudo é para sua glória. Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente” (Rm 11.36).
            Nas igrejas já previamente estabelecidas e funcionais, o plantador deve investir na capacitação e treinamento de líderes locais. A partir de uma liderança local estabelecida a igreja torna-se autóctone e mais relevante em sua comunidade ao ponto que esses líderes compreenderam melhor as necessidades e os anseios da sua comunidade, podendo ir de encontro a elas com a mensagem do Evangelho. O plantador precisa discernir o momento de encorajar esses novos líderes nativos a desempenhar o trabalho e reproduzi-lo e partir daí apenas supervisionar. É claro que esse processo é um período de muito trabalho em evangelismo e discipulado até que seja gerado um grupo de homens e mulheres maduros e engajados na fé. A multiplicação de líderes locais é diretamente proporcional a multiplicação de Igrejas.
            Além de se proclamado de forma inteligível e através do nosso testemunho pessoal, o evangelho é uma mensagem que tem de estar em pleno movimento. Antes pensávamos em pregar a Cristo para salvar as almas, nos atendo somente a questão espiritual. No entanto, agora temos de entender que o ser humano é um ser complexo, não somente espiritual, mas também social e biológico e com suas respectivas necessidades. O evangelho sempre foi para o homem todo, nós que o sistematizamos. Mas do que salvar almas precisamos pregar e viver um evangelho que salve vidas para o Reino de Deus. A Igreja deve se esforçar para obter uma compreensão clara e concreta dos princípios cristãos para ir de encontro a essas necessidades de forma prática. Devemos nos perguntar como o Evangelho pode gerar transformação em comunidades pobres, em grupos desprovidos de ajuda comunitária, serviços básicos de saúde, como água tratada, esgoto, recolhimento de lixo, educação precária e deficiente, desemprego, drogas, crianças abandonadas, etc. Devemos nos lembrar que o enfoque principal de Jesus não era a salvação, mas o Reino de Deus e este estabelecido desde já naquele que por Ele é salvo. Deus é amor, e o amor é lei suprema da vida; e ele está ligado à paixão pela justiça social. Uma Igreja que se faz indiferente as necessidades sociais de sua comunidade na verdade não vive e nem entende a mensagem do Evangelho, e o Evangelho é Cristo, e “Cristo é verbo e não substântivo.”
            No final de todas essas coisas muito depende do perfil do plantador de Igrejas. O caráter certamente vai além das habilidades. Isso para mim é indiscutível. Quanto ao caráter, este deve ser sempre e constantemente moldado pelo Senhor. Lidório cita 5 características: forte convicção do chamado, integridade, espírito ensinável, ardor evangelístico e temor do Senhor. É certo que o Senhor chamou todos para irem, mas escolheu alguns para fazerem parte dessa linha de frente desbravando terrenos ainda não alcançados. A isso se deve a graça multiforme da graça de Deus que é manifestada na Igreja: E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4.11)
                O que mais me impressiona é que quando Deus nos chama nos convoca para essa obra, é mais que uma oportunidade ministerial, é uma proposta de estilo de vida. Quando não entendemos isso corremos o risco de tratar o trabalho de implantação de Igrejas como um negócio e o gerimos como tal. Refletimos nele os nossos sonhos e anseios ao invés dos de Deus, pois a missão não é nossa, mas de Deus, e nós também somos d’Ele. O Senhor nos convida para nos comprometermos com a sua missão nesse mundo. A Igreja, uma comunidade de pessoas redimidas, foi a sua estratégia usá-la para executar os seus planos, e a igreja deve ser e é a sua colaboradora.           
            

Comunicação do Evangelho: modelos e estratégias


Recentemente venho trabalhando na plantação de igrejas na capital paranaense, o que pode ser definido por missão urbana. Não é um trabalho iniciado por mim, mas já está com um bom tempo de andamento. Está fazendo aproximadamente mais 30 dias que estou auxiliando nesse projeto e tenho observado muitas coisas e este curso tem colaborado para que eu entenda alguns princípios e métodos para esse trabalho árduo, mas gratificante.
A visão que temos do Reino de Deus irá estabelecer as nossas ações em um campo de plantio. A visão do Reino é o mundo inteiro e o homem inteiro. Se de fato não tivermos essa expectativa certamente seremos ineficientes no trabalho do Senhor e teremos um alcance bem menor do que realmente esta nos proposto. A igreja precisa ter a consciência de alcançar com o evangelho tanto a sua comunidade quanto outras comunidades mais geográfica, cultural ou etnologicamente distantes e com a mesma motivação.
Endossando a nossa motivação, precisamos estar munidos de ações relevantes para tal tarefa e de acordo com o nível do nosso chamamento. É imprescindível a cobertura de oração antes e durante o processo, pois conectados com Deus através do Espírito Santo podemos ter nossas ações potencializadas assim como aconteceu no Pentecostes e no movimento da Igreja relatado no livro de Atos. Cheios desse Espírito, certamente haverá uma abundante evangelização que é um fator determinante para o crescimento de uma igreja, indiferente a qualidade da infraestrutura presente. A fidelidade as verdades contidas no Evangelho na sua transmissão nos garante centralidade na visão do Reino e não podemos de forma alguma macular a mensagem em detrimento de metodologias e estratégias de crescimento. A integridade pessoal aliada à capacitação faz com que tenhamos uma liderança que sirva de referencial para a comunidade alvo, atraindo pessoas e levando outros a se apaixonar por Jesus e levantar a bandeira do Evangelho. Havendo essas condições, certamente haverá nessa nova comunidade de discípulos pessoas dispostas a pregar e testemunhar do Evangelho de Cristo e nada poderia impedi-los desde que devidamente capacitados e mentoriados por uma liderança madura.
Mesmo não estando fora do Brasil, sinto consideráveis diferenças culturais na comunidade em que estou trabalhando, pois sou de Minas Gerais. O choque cultural não é tão relevante como em uma experiência transcultural, mas penso que a Antropologia cultural é muita válida para o meu trabalho. Entendendo a realidade cultural da minha comunidade alvo posso alcançá-la de forma mais eficaz, tornado a mensagem mais acessível e contextualizada com a vivência das pessoas. Espero que ao longo do tempo eu venha identificar melhor essas particularidades e implementar na minha forma de transmitir a mensagem.

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